Último post em Berlim




Este é oficialmente o meu último post em Berlim. Hoje é despedida dos amigos, do bairro, da casa, e é festa. Amanhã Lisboa recebe-me pela manhã, espero que bem.

Suponho que este seja também o último post deste blog. A bola já não vai estar em Berlim. Talvez crie uma bola lisboeta.



Qualidade sentimental moderna aka frase do dia












"Pus a minha alma no visor do telemóvel" *














* desculpa, tinha que citar isto



Últimos olhares sobre Berlim



Berlim é uma cidade feita por gente nómada, gente um pouco perdida. Berlim atrai os que querem a vida fácil, livre, e os que procuram existir. Atrai artistas, pobres também por convicção.
São poucos os que ficam, e esses têm sempre que se adaptar ao rodopio de gente que vem e vai. Agora também eu vou. Não sei se voltaria, talvez Berlim seja mesmo uma cidade para estar, não para ficar.


Uma ficção em Berlim



Hermannplatz é um dos locais centrais do meu bairro - Kreuzberg - e a primeira vez que andei por lá pensei ter de repente chegado a Ankara. Burkas, peles escuras, barbas, veste longas, cigarros, frutas exóticas, e cheiros igualmente estranhos para uma cidade alemã. Hoje, sem planear, acabei a noite num restaurante que qualquer lisboeta cosmopolita que gosta de ir à cachupa de santos nos finais de sábado à noite, e considerar então que está a comunicar e conhecer a cultura das comunidades imigrantes, ía adorar.
Entrámos, e o intenso fumo senti-o logo. As paredes eram todas cor de vinho e tinham pontuais decorações. Íam do kitsch ao étnico. Além de nós estavam lá poucas pessoas, talvez 2 mesas ocupadas. Fomos então atendidas por uma senhora turca muito baixa, com um enorme cabelo pintado de louro, maquilhagem exagerada, e vestida a rigor. Sempre com um enorme sorriso nos lábios explicou que a noite era especial e mais relaxada porque o pai dela estava lá. Apontou para ele e logo um senhor turco, gordo, de barba branca, e claro, com o seu cigarro, acenou a cabeça na nossa direcção em forma de cumprimento.
Durante a nossa refeição, e com a noite cada vez mais avançada, íam chegando mais pessoas. O sobrinho, o tio, o amigo. E o cumprimento era sempre o forte e barulhento abraço. Nenhum deles seria um miscasting para uma qualquer ficção americana. E inevitavelmente, depois de ontem termos visto 4 horas seguidas de "Sopranos", a imaginação viajou. Algures entrou para lá a Adriana, com um casaco padrão leopardo, e enquanto ela caminhava em direcção à cozinha passou pela mesa onde estava sentado o Christopher, que a seguiu com o olhar. Estávamos, tínhamos a certeza, numa qualquer recriação do restaurante do Artie, versão turca.
O som de fundo era o de um orgão a ser tocado por um jovem turco, gordo, com olheiras imensas, que também cantava. Ouvíamos midis árabes. E por vezes a explosão de alegria surgia e lá vinham as palmas do canto da sala, a acompanhar os sons da terra.
Depois do delicioso pão turco, e grelhados, que pudemos ver confeccionados através duma enorme abertura na sala com vista para a cozinha, chegou um prato enorme com ananás, melancia e uvas. Era oferta do pai turco. O ananás estava docinho. Viva o pai turco.


O que tenho sentido nos últimos dias segundo o priberam



do ant. soedade, soidade, suidade < Lat. solitate, com influência de saudar

s. f.,
lembrança triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de as tornar a ver ou a possuir;
pesar pela ausência de alguém que nos é querido;
nostalgia;
Bot.,
nome de várias plantas dipsacáceas e das respectivas flores;
(no pl. ) lembranças afectuosas a pessoas ausentes;
(no pl. ) cumprimentos.



Barcelona (2)


O lugar a descobrir em Barcelona são as fantásticas piscinas municipais. Não são publicitadas como lugar a visitar, e é onde se tem a mais poderosa vista sobre a cidade, inteira. As piscinas foram construídas aquando da realização dos jogos olímpicos, e deram azo a fotografias belíssimas de mergulhos (literalmente) sobre a cidade.

Aqui ficam algumas imagens para abrir o apetite: