Bookletting

Estas imagens pertencem a um caderno distribuído durante um "direct action training" ( assim de chama a coisa) para todos os que querem vir a participar nos protestos em Heilingendamm contra os G8. O conteúdo é engraçado, fala de como as pessoas se devem organizar em grupos de "afinidade", e existem grupos como : samba, circus. Ou seja grupos que se manifestam através do samba, e outros através do circo ( este últimos tive oportunidade de ver em acção durante as manifestações do dia 1 de Maio). Um registo muito brasuca chapitÔ, achava mais piada se houvesse um grupo que se manifestasse através do fado, ou até do death metal, porque não?. Além disso o caderno também contém outros conselhos, e devaneios sobre democracia, formas de discussão de ideias, etc.
Durante a leitura deste pequeno caderno apercebi-me de uma coisa tão simples, mas que não me tinha, até agora, surgido de forma tão clara. Sou muito céptica em relação a todas estas acções, manifestações, etc..pois, como já disse anteriormente, os intervenientes parecem-me pouco interessados no conteúdo da coisa, mas sim no que ela lhes pode propocionar momentaneamente, seja isso realização pessoal, divertimento, adrenalina, sensação de comunhão com outros ou poder. Uma espécie de religião, cega e dedicada.Continuo a achar, até veja ou me provem o contrário, que as coisas se passam assim. Mas a verdade é que estes preconceitos pouco me deixavam olhar para o lado bom de toda esta história. E o lado bom é claramente a opção, a discussão; não o bloqueio, a manifestação, ou as pedradas que alguns vão para lá mandar. Os bons fazem-se mover pelas ideias. O que me levou a pensar no comum vazio de ideias que existe em Portugal, principlamente em relação a assuntos globais. Poucas ideias se discutem, e o que se discute é virado para o próprio umbigo. Ou para o do vizinho. Ficando completamente à parte, enquanto população, das decisões que são feitas sobre o mundo. Enquanto por aqui, independentemente das convicções, se tenta fazer parte dessa discussão, e fazer alguma diferença, mostrando que há opções diferentes de vida, por mais utópicas que elas sejam. Não interessa mesmo se é utópico, porque por detrás dessa utopia está a discussão de ideias, e isso implica conhecimento/cultura/interesse, e torna a população mais rica e activa no desenvolvimento do mundo e do país onde vive.